quarta-feira, 18 de maio de 2011

Construções...

Hoje o post é bastante pessoal...

É a história do parto que ainda não tive, mas que vem sendo construído desde muito tempo atrás.

       Eu sempre soube dos benefícios, tanto pra mãe quanto pro bebê, do parto normal, e sempre soube de muitos dos riscos da cesárea. Por isso mesmo sempre quis que o meu parto, quando fosse ter um filho, fosse natural, e eu realmente acreditava que era só cuidar da gravidez e esperar o dia do parto para ter o tão sonhado parto natural.

       Em meados de Outubro de 2010 meu marido e eu descobrimos a gravidez, e foi um misto de temor e felicidade.  Será que vou ser boa mãe? Como é cuidar de um bebê? Essas foram as minhas dúvidas, porém até então eram as únicas. Decidi esperar completar 8 semanas (eu sabia exatamente o tempo de gestação) pra iniciar o pré-natal, pois me sentia muito bem, apesar dos enjôos começarem a ficar muito intensos. Primeira consulta: GO elegante, consultório cheio, me passou "trocentos exames" e receitou ácido fólico. Achei-a perfeita!! (Ingenuidade de achar que exames e vitaminas são tuuuudo de bom!)

       Foi então que comecei a pesquisar na internet sobre gravidez, parto e amamentação, até chegar no site da Parto do Princípio ( http://www.partodoprincipio.com.br/ ), onde li relatos de partos lindos, outros traumáticos, além de relatos de cesáreas desnecessárias onde os médicos haviam inventado desculpas sem pé nem cabeça pra justificar a cirurgia. Foi então que descobri a "conspiração" contra o parto natural, o que me fez pesquisar ainda mais e descobrir sobre as intervenções cruéis que muitas mulheres sofrem por pura falta de ética ou conhecimento médico.

       O pré-natal foi seguindo, suplementos vitamínicos, muitos exames... Comecei a perceber que nem tudo era necessário. Quanto completei 20 semanas, resolvi falar sobre parto com a minha GO, e contei-lhe do meu desejo pelo parto normal. Foi aí que veio a surpresa: a tal GO riu da minha cara, soltando a seguinte frase: "Todas dizem isso, mas quando chegar no dia, tu vais estar morrendo de dor às 3h da manhã e vais pedir pela cirurgia!". Falei que não, que eu REALMENTE queria o parto normal, não queria uma cirurgia sem necessidade, e veio a segunda pérola: "De qualquer forma tem o corte cirúrgico do períneo...". Mais uma vez respondi que não é necessário, e eis que veio a terceira: "Claro que precisa! Tu não és índia! Não dá pra quereres te comparar com as índias que passam o dia de cócoras na beira do rio!".

       É, definitivamente, se eu desejava ter um PN, não seria com essa médica. Meu marido, que acompanhou a consulta, me apoiou quando disse que não queria mais ir com ela. Chegando em casa, internet de novo, desta vez para pesquisar sobre GOs humanizados em Belém. Ô busca difícil!! Só encontrei um nome, de uma profissional bastante respeitada, acho que coordenadora da Santa Casa de minha cidade, com muitos artigos e entrevistas publicados. "Vai ser uma luta conseguir consulta com essa médica", pensei. Mas pra minha surpresa a consulta foi marcada para menos de uma semana após a ligação. Antes da consulta, continuei minhas pesquisas, agora com mais afinco, querendo saber tudo o que não sabia: ocitocina, episiotomia, manobra de Kristeller, fisiologia do parto... Queria saber tudo!

       Chegou o dia da consulta: médica miudinha, doce, atenciosa... Contei pra ela o que eu buscava, e ela me sorriu, dizendo que acredita no parto natural, que acreditava ser o melhor, e relatei o que passara na última consulta com a outra GO, já chorando bastante de raiva, alívio, tudo ao mesmo tempo. Meu marido ia dizer algo, e ela disse: "Deixa ela chorar... É assim mesmo...". Encontrei a primeira porta pro meu tão sonhado parto!!

       Fui no primeiro sábado que seguiu a consulta ao encontro do Ishtar, grupo de apoio à gestantes ( http://espacoishtarbelem.blogspot.com/ ), e lá me senti em casa. Todas com o mesmo sonho, mesmos ideais. a Coordenadora, Thayssa (que também é doula), parece que é nossa amiga de infância. Conheci mulheres que tiveram partos naturais, e até partos domiciliares. O parteiro, enfermeiro obstetra, estava lá também! "Noooossa, essas coisas existem em Belém!!" Fiquei surpresa e encantada! A tal porta pro meu parto ficou agora destrancada!

       Nova consulta, tudo perfeito, minha bebê perfeita... Perguntei à médica sobre amamentar após a mamoplastia (redução das mamas), e veio novo choque: "Vai atrapalhar! É muito difícil que consigas, mas a gente sempre diz pra tentar, né?". Nova choradeira, agora de pesar, de desespero: Como assim? Não vou poder amamentar minha filhinha? Tudo isso de peito pra nada? (Ver post "Amamentação após Mamoplastia:)

       Novos estudos, novas pesquisas... Descobri que não seria tão impossível assim. Li sobre a relactação, li relatos de mulheres que foram contra tudo e todos e conseguiram amamentar mesmo após a cirurgia plástica.

É preciso muito esforço, muita busca, estudos e pesquisas para conseguir o que se deseja...
Decidi então criar este blog, para passar tudo o que aprendi e estou aprendendo para outras mulheres que buscam o mesmo que eu, para que tenham um acesso mais simples às informações que tive que coletar em vários sites e livros, sem a ajuda de ninguém... É uma forma de ajudar, mas de ser ajudada também. Com este blog consigo expurgar todas as minhas ansiedades, raivas, medos... Mas também pra passar felicidade, mostrar o amor que sinto pela minha bebê, que ainda está na barriga, mas que já é uma das maiores razões da minha vida, juntamente com o marido tão amável e compreensivo que Deus me deu.

Então é isso: a construção deste blog está intimamente ligada à construção do meu parto, do nosso parto de amor, de todo o amor que tenho pela minha Anna Clara...

Espero sinceramente poder ajudar outras mamães e futuras mamães a terem um parto natural, respeitado, onde serão as protagonistas de suas histórias.

Abraços a todas que lêem e ainda vão ler estes posts.

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