sexta-feira, 29 de abril de 2011

VBAC - Vaginal Birth After C-section.

tá em inglês, mas dá pra entender.




Intervenções Parte I: Restrição Alimentar Durante Trabalho de Parto

Na maioria dos hospitais e maternidades, o protocolo é sempre o mesmo: internou em trabalho de parto, jejum total. E então a mulher passa muitas horas sem se alimentar nem beber água, o que pode gerar ainda mais ansiedade e desconforto durante o trabalho de parto, além da possibilidade de lhe faltar energia no período expulsivo, podendo "empacar" o TP nos momentos finais.

Se você perguntar por que razão não pode se alimentar nem ingerir líquidos, é possível que boa parte da equipe não saiba lhe dizer, ou que lhe dêem diversas explicações.

A verdade é uma só: pra evitar a Síndrome de Mendelson, que ocorre quando o conteúdo estomacal "vaza" para os pulmões quando a pessoa está sob efeito de ANESTESIA GERAL. É perigoso? Ééééé!

Porém isso só ocorre quando se está sob efeito de anestesia geral, o que é muito raro nas Cesareanas hoje em dia. Geralmente este PROCEDIMENTO CIRÚRGICO é realizado sob efeito de anestesia raquidiana ou epidural. E mesmo que no pós-operatório a mulher sinta náuseas, bem, o que é melhor? Vomitar ou passar fome?

Nos casos de parto natural se torna ainda muito mais injustificável a restrição. Há relatos de TP que duraram 10h, mas há outros que chegaram à 30h. E "não há cristão que agüente" tanto tempo sem comer ou beber água.. Quanto mais uma mulher em trabalho de parto.. Imaginem só, na hora do expulsivo, todo mundo da equipe médica dizendo "empurra, vai!" e a mulher sem a mínima energia pra isso, só conseguindo sentir um sono terrível e muito cansaço devido à hipoglicemia... Aí o resultado pode ser outro bem diferente do planejado: já que não sai, vai pra cesárea!!

Pra quem pretende ter um lindo Parto Natural, a dica é elaborar um plano de parto, onde você pode incluir seus desejos de manter a nutrição via oral durante o seu TP e negociar com o seu GO ou com o hospital/maternidade onde terá seu bebê.

Caso não seja possível negociar, outra dica muito valiosa é a seguinte: fique em casa o maior período de tempo que puder, onde você pode ficar confortável e se alimentar a hora que bem entender, e só quando acreditar que já falta pouco para o bebê nascer, vá para o hospital. Assim você evita desgaste emocional e físico.

Sites de Referência:
Brasil/Mundo: Alimentação durante trabalho de parto está liberada | Cada Minuto: O maior portal de notícias de Alagoas e Maceió

http://www.metodogerar.com.br/2010/06/analise-refuta-beneficios-de-restricao-alimentar-em-trabalho-de-parto/

http://www.unimed-nne.com.br/noticia/142/alimentacao-durante-trabalho-de-parto-esta-liberada.html

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cesárea não é parto, é cirurgia!



Por: Ana Paula Barata Vasconcelos

Me impressiono como hoje em dia as pessoas acham mais seguro a mulher ter filho através da cesárea do que parto normal. Na saúde suplementar os índices por vezes chegam a 90% de cesareanas, quando a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que o máximo deva ser de 15%.

Pelo que eu tenho ouvido de praticamente todas as mulheres que eu conheço, há muita falta de informação, até mesmo de mulheres que trabalham na área da saúde. Já ouvi de uma chefe de enfermagem que "mil vezes a cesárea", por que ela tem facilidade de cicatrização. E outra, quando falei que queria PN, a primeira pergunta que me fez é se não havia circular de cordão..Ainda tem gente que acredita que circular de cordão mata bebês!! Quando sou questionada sobre a data do parto, sempre respondo que não sei, pois será a minha filha quem decidirá quando virá ao mundo, e que lhe darei um lindo Parto Natural, e em troca ouço uns "por queeee?", "coitaaaada", "ai, tô até com pena de ti!", "tu tá doida, é?". A mais recente foi a que eu escutei da sobrinha de 13 anos do meu marido, quando disse à ela que teria um parto de cócoras. Ela fez uma cara de dúvida e perguntou como seria possível fazerem o corte da barriga naquela posição! Então bebês só nascem através de um corte na barriga? E como as índias fazem? E como os bebês nasciam antes de existir bisturi?

Mas a verdade é que na cabeça da maioria das mulheres o parto natural é "uma tortura" que "pode matar mãe e bebê", e a cesárea surge como "libertadora" desse sofrimento. Mas por que isso ocorre?

Bom, tenho duas teorias, que se somam uma à outra, a esse respeito.

A primeira vem do fato de certos protocolos terem sido adotados alguns anos atrás durante o atendimento ao parto. A mulher era obrigada a ficar deitada durante todo o trabalho de parto, com as pernas em estribos, e lhe mandavam fazer força a cada contração. Essa posição por si só já dificulta o processo de dilatação do colo uterino, além de que fazer força antes do período expulsivo aumenta a dor durante as contrações. Alguém vinha a toda hora fazer o exame de toque pra medir a dilatação, expondo a mulher a todo momento. Aí o trabalho de parto empacava, e aparecia a pressa do médico, e vinham as intervenções: aplicação de ocitocina (que acelera o parto, porém intensifica as dores), o corte nada modesto da episiotomia, e a Manobra de Kristeller (ato em que alguém pressiona a barriga da mãe na tentativa de empurrar o bebê). Tudo isso leva à mulher a sentir mais dores, e isso tudo sem poder reclamar nem gritar, porque aí vinha uma enfermeira lhe repreender, com frases do tipo "na hora de fazer gostou, né?", "Cala a boca! Era assim que gritava na hora que tava fazendo?". Como uma mulher vai conseguir parir com tudo isso? Aí o bebê não saía meeeeesmo, e vinha o fórceps de alívio, muito mal manejado, causando cortes e machucados nos bebês. Depois disso, a falta de paciência ainda resultava em um tracionamento do cordão umbilical a fim de forçar a saída da placenta, lesionando a parede uterina e aumentando o sangramento da mãe.

Horrível, não? Realmente, ter um parto assim é uma tortura. Esse é o que chamamos de Parto Frank, e hoje em dia a OMS condena tais práticas e orienta os hospitais e profissionais de saúde no sentido da humanização do parto (trataremos mais sobre isso em outro post).

Agora a outra teoria, que não substitui a primeira, apenas acrescenta:

Quanto você acha que um obstetra recebe por um PN e por uma cesárea? Vamos analisar: no PN o trabalho da obstetra se limita a avaliar a saúde da mãe e do bebê (o que muitas vezes pode ser feito por outro profissional de saúde), segurar o bebê na hora que ele sair, cortar o cordão e por vezes costurar alguma laceração no períneo da mãe. Quase não dá trabalho, então não há justificativas para grandes custos. Além disso, um trabalho de parto leva horas, obrigando o obstetra a desmarcar consultas e outros compromissos, além de às vezes ser acordado no meio da noite pra atender à parturiente. Agora, numa cesárea, precisa do acompanhamento do anestesista (que pode ser grande amigo do GO, e estar precisando de uma graninha..), do uso de instrumentos cirúrgicos, corta-se 7 camadas de tecido, todas elas terão de ser costuradas depois, há prescrições de medicamentos pós-operatórios (beneficiando laboratórios). Os custos são mais elevados e o GO recebe mais por isso. Além de o médico saber o dia e a hora que aquela criança vai nascer, a cirurgia dura cerca de 30 minutos e pronto.

Assim há um grande interesse entre os GOs de prescrever cesáreas em vez de esperar o parto normal, e os médicos acabam aterrorizando as pacientes, dizendo absurdos sobre o PN, e as "maravilhas" da cesárea, sem esclarecer seus riscos, e nunca falam das vantagens do PN.

Cesárea é um ato cirúrgico de grande porte, e como tal oferece riscos. Vejamos alguns:

Para a mãe:

  • reação anafilática à anestesia
  • hemorragias causadas por cortes de vasos (risco 10x maior q no PN)
  • cortes de órgãos por erro médico
  • maior risco de infecção se comparado ao PN
  • aumento da taxa de morbimortalidade materna em até 4x, se comparado ao PN
  • risco de infertilidade após a cirurgia
  • possibilidade de ruptura uterina em próxima gestação
  • risco aumentado de desenvolver endometriose
  • risco aumentado de tromboses
  • maior incidência de inserção baixa da placenta e placenta acreta em gravidez posterior
  • maior índice de depressão pós-parto (30 a 40x maior)
  • demora na "descida do leite".
  • risco de paralisação dos intestinos
Para o bebê:

  • risco de desconforto respiratório
  • maior risco de prematuridade fetal, uma vez que as datas de concepção não são precisas e que o amadurecimento varia de um indivíduo pra outro
  • risco de morte aumentado em até 10x se comparado ao PN
  • risco de cortes acidentais
  • probabilidade maior de desmame precoce
  • afastamento da mãe por várias horas
  • dificuldade de aleitamento
  • dificuldade de vínculo com a mãe
  • maior risco de internamento na UTI
Então a cesárea é o vilão da história? Não, não é. Ela é realmente salvadora: quando há risco REAL de morte ou seqüelas graves para mãe e/ou bebê, e somente nesses casos, pois aí sim os benefícios superam os riscos. Porém nos casos de cesárea eletiva, a pedido do GO ou da parturiente, não há motivos para submeter mãe ou bebê a tantos riscos desnecessários.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Circular de Cordão, Cesárea ou Não?

Uma dúvida freqüente das gestantes é com respeito as circulares de cordão, em especial as da região cervical ("cordão enrolado no pescoço"). As circulares de cordão umbilical estão presentes em 20-40% de todas as gestações. Trata-se de fenômeno natural que ocorre durante a gestação no qual o cordão umbilical envolve o pescoço do concepto. De um modo geral são consideradas condições benignas e excepcionalmente relacionadas a complicações perinatais.
O cordão umbilical é uma estrutura não inervada composta de duas artérias e uma veia. Circundando estes vasos existe uma substância mucóide, chamada de Gelatina de Warthon, que é constituída principalmente de mucopolissacarídeo. A função desta gelatina é de sustentação e proteção dos vasos contra compressões e possíveis roturas.

Ultimamente tem sido cada vez mais freqüente o diagnóstico ultrassonográfico de circular de cordão umbilical, isto decorre basicamente de dois fatores:
  1. Sistematização pelo profissional que realiza o exame de ultrassom;
  2. Maior disponibilidade de aparelhos com recursos técnicos avançados.
Até o momento a literatura apresenta relatos de complicações perinatais sem significância estatística. Miser, 1992 relata que os efeitos da circular cervical sobre a evolução da gestação e do parto são ainda controversas. Não encontrou associação entre circular cervical e aumento da morbidade e mortalidade neonatal. Larson e cols, 1995 em seus estudos concluíram que não existe aumento importante dos riscos de um resultado neonatal adverso associados à presença de múltiplas circulares cervicais de cordão.

Imagens (Ilustração e Ultrassom) de Circular de Cordão e Alça de Cordão
 Observe que na circular o cordão dá uma volta completa no pescoço, enquanto que na alça ele apenas contorna a parte posterior do pescoço. As imagens de ultrassom são cortes transversais da região cervical fetal.
Em um grupo de 70 recém natos que cursavam com circular cervical durante a gestação, Strong, 1992 observou que somente naquelas gestações que apresentavam oligodrâmnio (redução do volume de líquido amniótico) intraparto, houve aumento significativo de incidência de líquido amniótico meconial, desacelerações variáveis graves e bradicardia fetal (sinais de sofrimento fetal). Sadovsky 1997, documentou sofrimento fetal intra-parto em 17% das parturientes que apresentavam fetos com circulares cervicais ao passo que 83% dos fetos com a mesma situação foram assintomáticos, concluindo que o sofrimento fetal foi achado incidental no parto.
Na ausência de alteração da freqüência cardíaca fetal intraparto, a circular cervical não está diretamente associada aos aumentos das taxas de morbiletalidade perinatal, assim como com o comprometimento neurológico tardio ou as seqüelas no seu desenvolvimento (Sherer & Manning, 1999).
Com relação a via de parto, Feisntein e col. não consideram que a circular cervical por si só, justifique a indicação de cesárea. Em nosso meio Barini acredita que a circular cervical não é razão suficiente para indicação de parto cesarea considerando conduta desnecessária e incorreta, pelo menos até que estudos prospectivos possam concluir em contrário.
O Professor Ricardo Barini (Unicamp) relata: " ... no momento onde a comunidade médica e de um modo geral, os profissionais envolvidos com a área de saúde tentam unir esforços para reduzir o número de cesareanas desnecessárias no Brasil, é preocupante esta nova informação presente nos laudos de ultrassonografia obstétrica, e principalmente sua utilização como JUSTIFICATIVA para intervenções obstétricas extemporâneas. Inegavelmente, este diagnóstico, mesmo sem ter o objetivo de determinar condutas, cria no mínimo uma sensação de insegurança entre as gestantes e seus familiares, e até provavelmente entre os próprios obstetras, frente ao trabalho de parto, ao parto via vaginal e até à continuidade da gestação. É perfeitamente compreensível que este fato possa gerar indicações de cesareanas de maneira precipitada ou até desnecessárias."
A circular cervical de cordão umbilical é um dos achados mais comuns no ultrassom e discutido nos exames perinatais, causando ansiedade desnecessária na família e divergências na conduta médica. Na gestação de evolução normal, sem a existência de fatores de risco, a família pode ser tranqüilizada, pois a presença isolada de circular cervical não parece aumentar os riscos para os fetos, especialmente porque muitas dessas poderão desfazer-se espontaneamente. Ainda não existem evidências científicas sólidas que demonstrem riscos da presença de circular cervical diagnosticada durante a gravidez.

Referências:


  1. Benirschke K, Kaufmann P. Anatomy and pathology of the umbilical cord and major fetal vessels. In: Pathology of the Human Placenta, 3rd edition New York: Springer-Verlag; 1995. P. 319-65.
  2. Collins JH, Collins CL, Weckwerth SR, De Angelis L. Nuchal cords: timing of prenatal diagnosis and duration. Am J Obstet Gynecol 1995; 173:768.
  3. Collins JH. Nuchal cord type A and type B. Am J Obstet Gynecol 1997; 177:94.
  4. Jauniaux E, Mawissa C, Peerlaerts C, Rodesch F. Nuchal cord in normal third-trimester pregnancy: a color Doppler imaging study. Ultrasound Obstet Gynecol 1992; 2:417-19.
  5. Jauniaux E, Ramsay B, Peerlaerts C, Scholler Y. Perinatal features of pregnancies complicated by nuchal cord. Am J Perinatol 1995; 12:255-30.
  6. Larson JD, Rayburn WF, Harlan VL. Nuchal cord entanglements and gestational age. Am J Perinatol 1997; 14:555-7.
  7. Larson JD, Rayburn WF, Crosby S., Thurnau GR. Nuchal cord entanglements and intrapartum complications. Am J Obstet Gynecol 1995; 173:1228-31.
  8. Miser WF. Outcome of infants born with nuchal cords. J Fam Pract 1992; 34:441-5.
  9. Feinstein SJ, Lodeiro JG, Vintzileos AM, Weinbaum PJ, Campbell WA, Nochimson DJ. Intrapartum ultrasound diagnosis of nuchal cord as a decisive factor in managment. Am J Obstet Gynecol 1985; 153(3): 308-309.
  10. Sørnes T. Umbilical cord encirclements and fetal growth restriction. Obst Gynecol 1995; 86:725-8.
  11. Strong TH, Sarno A, Paul RH. Significance of intrapartum amniotic fluid volume in the presence of nuchal cords. J Reprod Med 1992; 37:718-20.

Bebê Pélvico: Como Virar?

OBS.: Este Post foi tirado do blog Parir é natural (http://parirenatural.blogspot.com) da Dra. Carla Andreucci Polido, Médica Obstetra.


Bebê pélvico: como virar?

Se o bebê permanecer em apresentação pélvica (sentado) após 36 semanas, talvez algumas gestantes se preocupem em tomar condutas ativas para favorecer a mudança da orientação da criança.
Bebês podem nascer de parto vaginal em apresentação pélvica, mas existe uma morbidade maior associada a esse nascimento (para a criança, pois para mãe o parto vaginal é sempre melhor, com raríssimas exceções).
A OMS recomenda que se tente a versão externa das crianças antes do parto, e se isso não resolver a apresentação, a cesárea é uma recomendação aceita universalmente.
Se o bebê não virou, mas a gestante ainda assim quiser o parto vaginal, há profissionais no Brasil que tem experiência com o procedimento, e que podem atender o parto dessa forma, sem problemas maiores. Escolher um parteiro experiente é fundamental para o parto pélvico.

Até aqui, falamos de assistência obstétrica à luz da medicina ocidental.
Na minha prática clínica, adoto as seguintes medidas:
  1. Oriento as gestantes a tentar conversar com a criança, pactuando a mudança de posição.
  2. Ofereço a acupuntura com moxa (calor local)
Moxabustão para apresentação pélvica

3. Prescrevo Pulsatilla (remédio homeopático)
4. Oriento aproximação de compressas quentes no hipogastro ("pé da barriga") e bolsa de gelo no fundo uterino (onde a cabecinha ficou); a criança tende a se deslocar na direção do calor.
5. Oriento os exercícios sugeridos por Naoli Vinaver, parteira mexicana muito conhecida.
Exercícios da Naoli:
  • Ficar nessa posição por 20 minutos



  • Segunda posição:

  • Terceiro exercício: engatinhar por 20 minutos




  • Após cada exercício, rebozo chacoalhando o quadril:


Uma doula pode fazer os exercícios com a gestante, e os resultados são muito bons.

Se assim mesmo o bebê não virar, a versão externa feita pelo médico/parteiro em ambiente hospitalar é sempre possível.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Cesáreas e a Doença Pulmonar de Membranas Hialinas

Doença Pulmonar de Membranas Hialinas, também chamada de SARI do recém-nascido, é uma doença decorrente da imaturidade pulmonar, da caixa torácica e da deficiência de surfactante. Apesar dos avanços tecnológicos e dos cuidados de pré-natal e pós-natal desses RN’s, ainda é alta sua morbimortalidade.

"[...] é uma das causas mais frequentes de insuficiência respiratória do RN (angústia respiratória do RN).

Os fatores predisponentes são prematuridade; sexo masculino; anóxia, (falta de oxigenação) perinatal; história materna de hemorragias, diabetes materno; segundo gemelar; RN anterior afetado; PARTO CESÁREO; hipotermia.

O quadro clínico inclui insuficiência respiratória nas primeiras horas de vida; dispnéia; aumento progressivo da frequência respiratória; retração esternal importante; tiragem intercostal; cianose central; gemido expiratório; crises de apnéia; palidez; hipotermia; edema e oligúria; hipotensão, hipotonia e hipoatividade."

FIGUEIREDO, N. M. A; LAPLACA, D.; MACHADO, W. C. A.Tratado Prático de Enfermagem vol 2, 2. ed., São Paulo: Yendis, 2008.

O que ocorre é que geralmente a cesárea eletiva é marcada para a 38ª semana de gestação, sendo que em parto normal o bebê pode nascer entre 38 e 42 semanas. O que define o dia do nascimento do bebê para um parto normal, dentre outros fatores, é a maturidade completa do bebê. Quando se marca a cesárea eletiva, sem que a mãe tenha entrado em trabalho de parto, não se respeita o período de desenvolvimento do bebê, que varia de um indivíduo pra outro.

Vale a pena agendar uma cesárea para comodidade da mãe (que é adulta e tem noções de como lidar com a dor) e fazer com que o bebê passe por todo esse desconforto e sofrimento? Além disso, o bebê será levado para o berçário e ficará algumas horas longe da mãe, sem o colo e o carinho dos pais, sendo alimentado com água glicosada em vez de leite materno... Para um recém-nascido que passou os últimos meses no aconchego do útero da mãe, ouvido a voz dos pais a todo momento, você acredita ser a melhor recepção para a vida extra-uterina?

Ana Paula Vasconcelos
Grávida de 39 semanas

Amamentação Após Mamoplastia

Bom, hoje meu relato é um misto de revolta e esperança..

Vou explicar: durante minha adolescência meus seios se desenvolveram muito, o que me causava muito constrangimento e desconforto. Em 2005, aos 19 anos, procurei um cirurgião plástico para realizar a mamoplastia de redução. Durante as consultas preliminares, perguntei se quando eu tivesse filhos a amamentação ficaria comprometida, e ele me garantiu que não. Sempre defendi a amamentação exclusiva nos primeiros 6 meses de vida do bebê iniciada na primeira hora de vida... Eu, besta, acreditei... e fui pra cirurgia, que me rendeu cicatrizes enormes, em formato de âncora, pois foi feita a remoção de grande parte de tecido e reposicionamento de aréola.

Conheci o homem da minha vida, e engravidamos. Meus seios ficaram enormes, e eu até então estava orgulhosa do tantão de leite que eu iria produzir. Tudo lindo e perfeito... Até o dia 04 deste mês, quando na consulta pré-natal resolvi perguntar pra minha GO se haveria algum problema, e ela respondeu abertamente "Sim. É muito difícil a mulher amamentar após a cirurgia de redução."

Parecia que meu mundo estava desabando. Muitas pessoas devem achar besteira, mas pra mim a amamentação no peito da mãe é a continuação do ato de parir, vai muito além de mera nutrição. É o momento de maior contato e intimidade entre mãe e filho uma vez que ele não está mais dentro da barriga da mãe. Bebês que mamam no peito têm um vínculo muito mais estreito com a mãe, e vice-versa, são mais tranquilos e confiantes. Me revolta ver mães dando leite em pó para bebês aos 2, 3 meses, só porque é mais prático.

Saí do consultório com os olhos já cheios de lágrimas, e chorei até o carro... e no carro até em casa... e em casa... Meu marido tentava me consolar, mas não dava. O maior presente que eu tinha pra nossa filhinha não poderia ser dado. Minha mãe veio aqui, me disse para ter fé, que Deus tudo pode, e pediu pro Ricardo pesquisar na internet. Encontrei as explicações: durante a cirurgia, boa parte do tecido mamário é removido, alguns cirurgiões removem a aréola juntamente com o mamilo pra reposicioná-los, e essa manobra corta os ductos mamários. Ou seja, por mais que a mulher consiga produzir a quantidade adequada de leite (o que já é difícil), esse leite tem pouca ou nenhuma vazão, porque os ductos ficaram comprometidos. Pesquisando mais um pouco, encontrei depoimentos de mulheres que tentaram amamentar após mamoplastia, e a maioria não obteve êxito. Até eu ler o depoimento de uma que utilizou a relactação através da extração do leite com bomba e depois ofertado por uma sonda juntamente com o bico do seio da mãe, e assim estimulou a saída do leite.

Esse único relato positivo me deu novas forças e esperança em amamentar minha filha. Continuei com o pensamento que faria o mesmo que essa mãe pela minha bebê, mesmo que tivesse que buscar leite materno no banco de leite pra oferecer à Clarinha junto com o bico do meu seio.

Porém, ontem, me aconteceu um milagre: com 28 semanas de gestação, examinando meus mamilos (como faço todos os dias antes do banho, na esperança de que saia alguma coisa) consegui extrair colostro!! Que emoção! Chamei o Ricardo pra mostrar à ele, ele me abraçou, e novamente foram muitas lágrimas, mas agora de esperança e felicidade! Agora tenho certeza que vou poder amamentar a nossa princesinha, e que ela vai ficar gordinha de tanto peito que vou dar pra ela!

Portanto, aqui vai um recado pra quem fez a mamoplastia: não desista! A amamentação pode ser possível!!

E pra quem pretende fazer a mamoplastia e terá filhos depois: converse com o cirurgião plástico, veja as técnicas que serão utilizadas, procure outros profissionais, pesquise, negocie. Se não houver jeito e tiver que fazer a remoção da aréola, pense se não vale a pena esperar um pouquinho mais. Pense no que é mais importante: mudar os seios agora e não conseguir amamentar seu filho no futuro, ou esperar um pouco mais? Sem dúvida, se eu soubesse do risco de fracasso na amamentação, eu não teria feito essa cirurgia.

Abaixo seguem alguns links de sites e blogs sobre o assunto (copie e cole, ainda não sei mexer direito nesse troço..)
http://www.aleitamento.com/a_artigos.asp?id=x&id_artigo=106&id_subcategoria=1

Relatos de fracassos na amamentação após mamoplastia:
http://www.e-familynet.com/phpbb/mamoplastia-x-amamentaco-vt312087.html

Relatos de sucessos na amamentação após mamoplastia:
http://relatosdoamamentar.multiply.com/journal/item/8
http://www.e-familynet.com/phpbb/amamentar-com-sucesso-apos-mamoplastia-vt451814.html

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"Gravidez não é doença"..

Bom, o primeiro post deste blog é uma crítica à falta de respeito com as gestantes.
Na minha cidade, os supermercados não possuem caixas reservados às prioridades, e sim caixas com "atendimento preferencial", mas que qualquer um pode entrar na fila com carrinhos super-lotados. Nos ônibus, ninguém se incomoda ao ver uma mulher com barrigão em pé, e nem os cobradores se metem, e a gente fica à mercê da boa vontade de alguém.. Nos consultórios médicos, então.. é por ordem de chegada e pronto, não interessa se a grávida vai ficar horas sem se alimentar.

Quando questionamos, a resposta é sempre a mesma: "Gravidez não é doença, não, minha filha!"

Certo: gravidez não é doença. Mas também não é a mesma coisa que não estar grávida. Durante a gestação ocorrem muitas alterações físicas, hormonais e emocionais que alteram, e muito, a vida da mulher e suas necessidades. Aqui vão alguns exemplos de mudanças que causam desconforto nas gestantes:

-coluna vertebral e musculatura das costas: para que a mulher não perca o centro de gravidade e consequentemente o equilíbrio durante a gravidez, a coluna vai formando uma curvatura muito maior do que o normal, forçando a utilização excessiva dos músculos da região lombar, causando dores nas costas. 
ficar em pé ou sentada em uma mesma posição por muito tempo intensifica essas dores.

-falta de ar: com o crescimento do bebê e do útero, há compressão dos órgão abdominais, projetando-os contra o diafragma, o que dificulta a respiração. Ficar horas em pé ou sentada pode levar até mesmo a desmaios.

-dor nas pernas: com o aumento de peso e a retenção de líquidos, a circulação sanguínea e a linfática ficam prejudicadas, causando dores nos tecidos das pernas, além de as articulações passarem a ter de suportar um peso maior do que o habitual. mais uma vez, ficar em pé ou sentada por muito tempo aumenta o desconforto.

-compressão dos vasos sanguíneos: o peso da barriga comprime a veia cava e a artéria aorta abdominais, além de suas ramificações, o que prejudica a circulação e o transporte de oxigênio e nutrientes. ficar deitada de barriga pra cima (como geralmente obrigam as parturientes a se posicionarem durante o parto) ou sentada com as costas recostadas por mais de 5 minutos faz mal tanto para a mãe quanto para o bebê.

-enjôos: durante a gestação, a mulher passa a produzir mais progesterona e passa a produzir a gonadotrofina coriônica, que juntos retardam a digestão e causam enjôos. principalmente durante o primeiro trimestre de gestação, ela pode vomitar em qualquer lugar, a qualquer hora.

-micção: o útero passa a pressionar a bexiga, tornando esta sem espaço para expandir e acomodar a urina como de costume, fazendo com que a grávida tenha que ir ao banheiro diversas vezes.

Além de tudo isso, há também a irritabilidade maior, falta de paciência e de tolerância causados principalmente pelo excesso de progesterona. E isso tudo não é "frescura de mulherzinha". É o que acontece com a mulher durante a gestação.

Portanto, gravidez não é doença, mas definitivamente uma grávida não está nas condições fisiológicas e emocionais que uma mulher não-grávida!!

Respeito e atenção às gestantes é direito e deve ser disseminado!!